Enquanto o termo ESG (Ambiental, Social e Governança) está cada vez mais presente no ambiente dos negócios (e popular entre as pessoas), infelizmente evoluímos a passos lentos – muito lentos – quando falamos de economia circular, logística reversa e reciclagem, conceitos fundamentais dentro da sigla, em um mundo onde a geração de resíduos cresce sem parar.
No Brasil, mesmo com a adoção de iniciativas importantes de algumas companhias, é inegável que a grande maioria ainda não se atentou à responsabilidade da destinação correta dos seus produtos pós-consumo, o que vai além dos valores e propósitos que uma marca carrega (e que deveriam ser o suficiente): é uma obrigação legal há mais de uma década. Isso fica evidente quando olhamos para a taxa de reciclagem do país, estagnada em valores que vão de 3% a 5%, há muito tempo.
No Brasil, a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) determina que sejam retirados do meio ambiente, no mínimo, 22% de todo o volume gerado pelo ciclo produtivo. É possível esperar até que o “momento ideal” de cumprir a lei surja? Como se isso, por si só, não soasse absurdo, definitivamente não há mais tempo para fugir ou fingir que nada está acontecendo. O planeta está gritando – e muito alto – para nos dizer que o prazo já acabou. E para ajudar, é necessário focar em resultados. As boas intenções, sozinhas, já não resolvem.
Dentro dessa mesma discussão, reforço uma outra verdade: compensar, não compensa. Não mais. Hoje existem muitos recursos oferecidos para equilibrar essa produção exagerada (e não apenas de resíduos). Mas a realidade é que chegamos em um ponto no qual não basta balancear o que já está altamente descompensado, devemos criar alternativas mais escaláveis. Devemos ir além do que chamamos de “diminuir” prejuízos, optando por regenerar, reparar. Para a conta começar a fazer sentido, não há outro caminho que não seja reduzir, reaproveitar ou reciclar.
E para isso acontecer, não vai funcionar tratar um ou outro material como vilão, já que a maioria deles resolve outros problemas, mas buscar soluções que tornem a sua transformação possível, garantindo o retorno para as prateleiras. As boas ideias vêm para suprir a necessidade, enquanto a tecnologia chega para ampliar as soluções. Um projeto que descobre como reciclar um item complexo, como embalagens de salgadinho, por exemplo, não vai ser a salvação se não ganhar escala.
E isso depende das inovações, claro, mas também das marcas, que precisam abraçar e investir esforço e dinheiro em soluções que resolvam os desafios causados por elas. Precisamos ampliar a proporção dos resultados. Finalizo o pensamento com um convite: como executivo, empresário ou empreendedor, você já está fazendo a sua parte? Se não estiver, o tempo é, hoje, o seu inimigo.